O Apóstolo João recebeu de Jesus a instrução de endereçar cartas aos anjos de sete Igrejas na Ásia, conhecidas como as sete igrejas do apocalipse. Essas igrejas o tinham como uma figura de grande respeito e admiração, já que era o último dos doze apóstolos de Jesus que ainda estava vivo. Essas Igrejas recebiam o nome das cidades onde estavam localizadas (Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia), e todas elas eram uma província romana. O próprio João pastoreou a Igreja de Éfeso, inclusive foi de lá que ele escreveu o quarto Evangelho, o Evangelho segundo João, e as suas três epístolas: 1 João, 2 João e 3 João.

João, o último remanescente
Nessa época, como já mencionamos, as autoridades já haviam martirizado todos os apóstolos de Cristo. João, no entanto, morreu de forma natural na própria Éfeso, em 103 d.C. De acordo com a tradição, Nerva concedeu liberdade a João quando assumiu o poder em Roma, após os quinze anos de reinado de Domiciano. Durante essa nova administração, o Senado romano autorizou o retorno daqueles que as autoridades haviam prendido injustamente.
Um planta, o outro rega
Podemos afirmar que João deu continuidade à obra iniciada pelo Apóstolo Paulo, pois foi através de Paulo e sua equipe que a Palavra de Deus chegou à Ásia (Atos 18:19). A Bíblia relata que a Igreja de Éfeso se reunia na casa de Priscila e Áquila (1 Cor 16:19), discípulos de Paulo. Essa igreja começou de forma modesta, reunindo-se na casa de um casal expulso de Roma por causa de um decreto do Imperador Cláudio. Com o tempo, porém, ela se desenvolveu e se tornou a maior referência cristã do mundo naquele período.
Em sua terceira viagem missionária, Paulo deu ênfase ao ministério em Éfeso, o que resultou na propagação do Evangelho por toda região da Ásia Menor. Lá, ele se utilizou de um lugar chamado “escola de Tirano”, provavelmente um edifício escolar, para ensinar e pregar o evangelho por dois anos. Provavelmente, Tirano era o dono ou professor da escola.
Atos 19:8-10
“Durante três meses, Paulo frequentou a sinagoga, onde falava ousadamente, discutindo e persuadindo a respeito do Reino de Deus. Mas como alguns deles se mostravam teimosos e descrentes, falando mal do Caminho diante da multidão, Paulo se afastou deles. E, levando consigo os discípulos, passou a falar diariamente na escola de Tirano. Paulo fez isso durante dois anos, de modo que todos os habitantes da província da Ásia ouviram a palavra do Senhor, tanto judeus como gregos.”
Geografia das sete Igrejas
Quanto à localização geográfica, é importante não confundir a Ásia atual com a Ásia mencionada em Apocalipse, pois se tratam de regiões diferentes. Ao ouvir “Ásia”, geralmente pensamos em países como China, Japão e Coreia; no entanto, a Ásia Menor descrita em Apocalipse se localiza bem mais próxima da fronteira entre Europa e Ásia, correspondendo, em grande parte, ao território da atual Turquia. Na época em que João escreveu o livro de Apocalipse, Jerusalém já havia sido destruída no ano 70 d.C., e Roma — principal metrópole daquele período — mantinha uma relação hostil com os cristãos. Diante desse cenário, muitos cristãos e judeus migraram para a Ásia Menor, o que impulsionou o crescimento das igrejas e sinagogas na região.
As sete Igrejas simbolizam sete eras?
Na escatologia, alguns estudiosos defendem a ideia de que o autor de Apocalipse mencionou cada uma das sete igrejas para representar um período específico da história da Igreja. Segundo essa linha de pensamento, hoje vivemos na era da Igreja de Laodicéia — uma igreja que exibe mornidão, arrogância e distanciamento do Senhor.
Particularmente, não concordo com essa teoria. Acredito que as sete igrejas representam virtudes e defeitos universais, presentes em todas as épocas — inclusive na nossa. Considero equivocado afirmar que todas as igrejas da atualidade, de modo geral, refletem a condição da igreja de Laodicéia ou que, em nossos dias, não ocorrem perseguições severas contra cristãos, como a que estava prestes a atingir Esmirna. Na verdade, existiam mais de sete igrejas naquela região, mas Cristo escolheu aquelas sete para serem as representantes do todo. A igreja de Colossos, por exemplo, também fazia parte da mesma região geográfica, mas os autores do Apocalipse não a mencionaram. Segundo registros históricos, uma grande estrada circular interligava essas sete cidades e conectava as áreas mais populosas, ricas e influentes da província à região centro-ocidental. Essa estrutura facilitava o transporte de mercadorias e informações. Era comum os apóstolos promoverem o intercâmbio das cartas entre as igrejas, a fim de que todas fossem edificadas — como vemos no exemplo do Apóstolo Paulo ao escrever aos Colossenses.
Colossenses 4:15-16 NAA
“Saúdem os irmãos de Laodiceia, bem como Ninfa e a igreja que se reúne na casa dela. E, depois que esta carta tiver sido lida entre vocês, façam com que seja lida também na igreja dos laodicenses. E vocês, leiam também a carta que vier de Laodiceia.”
A partir dessas sete igrejas, os cristãos conseguiram espalhar o conteúdo de Apocalipse por toda a região e por todo o mundo. O registro das palavras de Cristo dirigidas a essas igrejas continua nos edificando hoje, pois revela as necessidades espirituais coletivas da Igreja, presente em diversas partes do mundo.
Conclusão
As cartas às sete igrejas do Apocalipse não são apenas registros históricos — são alertas vivos e relevantes. Que cada leitor possa examinar seu coração e permitir que o Espírito Santo ministre profundamente por meio dessa poderosa revelação.
Gostou desse artigo? Leia também:
você pode ler os primeiros capítulos do livro de apocalipse no link abaixo:
https://www.biblegateway.com/passage/?search=Apocalipse+1-3&version=NAA
Quer ouvir este artigo em áudio? Clica no botão abaixo: