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O Evangelho de Mateus e a Escatologia: Entendendo o Reino e a Salvação

    Quando falamos sobre escatologia, muitas pessoas pensam imediatamente no livro de Apocalipse. No entanto, para compreender os eventos do fim dos tempos de forma completa, é essencial olhar também para outros livros das escrituras, como o Evangelho de Mateus. Este livro é uma peça-chave para entender o plano de Deus para Israel, a Igreja e o Reino. Ao longo de seus 28 capítulos, Mateus nos mostra como as promessas feitas no Antigo Testamento se cumprem em Jesus, revelando verdades fundamentais para quem deseja estudar as profecias bíblicas.

    Jesus, filho de Abraão, filho de Davi

    1. O Propósito do Evangelho de Mateus

    O autor do evangelho, Mateus, não era uma pessoa bem vista em sua época, pois era cobrador de impostos e trabalhava para os romanos. No entanto, foi escolhido por Deus para escrever um evangelho direcionado principalmente aos judeus, com o objetivo de convencê-los de que Jesus é o Messias prometido.

    Logo no início, Mateus apresenta a genealogia de Jesus, destacando dois pontos essenciais:

    • Filho de Abraão → apontando para a promessa de bênção sobre todas as famílias da Terra.
    • Filho de Davi → indicando que Ele é o herdeiro legítimo do trono.

    Para os judeus, essas referências eram muito significativas, pois confirmavam que Jesus era o cumprimento direto das promessas messiânicas feitas por Deus a seus antepassados.


    2. A Promessa Feita a Abraão e Davi

    A história da redenção começa no Gênesis. Deus criou o homem para ter comunhão com Ele e dominar sobre a Terra. Mas, após a queda no Éden, Adão perdeu tanto o domínio quanto o relacionamento perfeito com Deus.

    Foi nesse contexto que o Senhor fez uma promessa a Abraão:

    “Em ti serão benditas todas as famílias da Terra.” (Gálatas 3:8)

    Essa bênção se cumpriria plenamente por meio de Cristo. Quando Abraão quase sacrificou Isaque, estava sendo profeticamente ensinado sobre o sacrifício futuro de Jesus. Por isso, Mateus destaca que Jesus é “filho de Abraão”, mostrando que o evangelho foi anunciado a Abraão de forma figurada.

    Da mesma forma, Deus fez uma aliança com Davi:

    “O teu trono será firme para sempre.” (2 Samuel 7:16)

    Salomão construiu o templo, mas seu reinado teve fim. Já o reino do Filho de Davi — Jesus Cristo — será eterno. Isso nos conecta diretamente à temática central do Evangelho de Mateus: salvação e reino.


    3. A Rejeição do Messias por Israel

    O propósito de Deus era que Israel recebesse a salvação e se tornasse o grande evangelista das nações. Por isso, Jesus afirmou que veio primeiro para as ovelhas perdidas da casa de Israel.

    Contudo, a partir de Mateus 11, vemos um ponto de virada: Jesus começa a ser rejeitado. Apesar de Seus milagres e sinais, muitos não se arrependiam (Mateus 11:16-20). Havia ainda discípulos que seguiam João Batista, enquanto deveriam estar seguindo a Jesus.

    Em Mateus 12:22, após Jesus expulsar um demônio, os fariseus o acusaram de agir pelo poder de Belzebu. A partir desse momento, a oposição das autoridades religiosas se intensificou. Essa rejeição nacional culminou na blasfêmia contra o Espírito Santo (Mateus 12:30-32): a recusa consciente do testemunho divino sobre quem era Jesus.


    4. O Último Sinal e o Uso das Parábolas

    Jesus então declara que nenhum outro sinal seria dado, senão o de Jonas: Sua morte e ressurreição seriam a prova definitiva de que Ele era o Messias.

    A partir de Mateus 13, Jesus começa a ensinar ao povo por parábolas. Isso surpreendeu os discípulos, mas essa atitude era um juízo contra Israel: o povo que já havia rejeitado o Messias ouviria, mas não entenderia (Mateus 13:10-17). Para os discípulos, no entanto, Ele explicava tudo em detalhes.


    5. O Rei Rejeitado e a Profecia da Destruição de Jerusalém

    No capítulo 21, Jesus entra triunfalmente em Jerusalém, cumprindo Zacarias 9. As multidões o aclamam como Filho de Davi, mas, novamente, as autoridades abafam a fé do povo (Lucas 19:38-41). Ao ver a cidade, Jesus chora e profetiza sua destruição, em conformidade com Daniel 9:26.

    Nesse mesmo contexto, Jesus purifica o templo, demonstrando autoridade, e amaldiçoa a figueira estéril, simbolizando a condição espiritual de Israel.


    6. O Adiamento do Reino e o Papel da Igreja

    Em Mateus 23:37, Jesus lamenta sobre Jerusalém e afirma que a cidade não voltará a vê-lo até que reconheça que Ele é o Messias. Portanto, o texto revela que o reino não foi cancelado, mas adiado.

    Além disso, o livro de Atos confirma essa transição. No início, a mensagem ainda se concentrava nos judeus (Atos 3:19). Entretanto, após a morte de Estevão (Atos 7), que marca o ponto final da rejeição de Israel, o evangelho passa a ser anunciado também aos gentios.

    Por fim, Paulo esclarece essa realidade em Romanos 11:25. Ele explica que o endurecimento de Israel é apenas temporário. No futuro, o povo judeu reconhecerá Jesus como Messias, cumprindo, assim, a profecia de Zacarias 12:10.


    7. A Relação Entre Mateus e a Escatologia

    O Evangelho de Mateus é um dos livros mais importantes para entender os acontecimentos do fim dos tempos porque ele conecta:

    • As promessas feitas a Abraão e Davi → Jesus é o cumprimento.
    • A rejeição do Messias por Israel → que levou à transição para a era da Igreja.
    • O adiamento do reino → que será estabelecido na segunda vinda de Cristo.
    • As profecias sobre a tribulação → apontando para os sete anos finais mencionados por Daniel e Apocalipse.

    Mateus nos mostra que, antes da cruz, os sete anos do ministério de João e Jesus poderiam ter sido os últimos sete anos da história, mas, devido à rejeição do Messias, foram transformados em sete anos de tribulação futura.


    Continue aprendendo:

    Conclusão

    O Evangelho de Mateus é essencial para quem deseja compreender a escatologia bíblica. Ele revela o plano perfeito de Deus, que começa com Abraão, passa pelo reino prometido a Davi, mostra a rejeição de Israel e aponta para o futuro glorioso do Messias.

    Estudar Mateus não apenas aprofunda nosso entendimento sobre as profecias, mas também nos lembra de que Deus cumpre cada promessa. O Reino virá, o plano será concluído, e todos os que confiam em Cristo participarão desse triunfo.

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