Através do contexto histórico do livro de apocalipse, podemos constatar que o apóstolo João cumpria pena em uma ilha de 35 km² chamada Patmos — atualmente localizada em território grego — como consequência da sua pregação do evangelho. Ele permaneceu ali por aproximadamente 18 meses. Durante o governo romano, as autoridades usavam Patmos como local de exílio para pessoas consideradas ameaças políticas ou religiosas. Além disso, a ilha pertence a um arquipélago chamado “Dodecaneso”, termo que significa “as doze ilhas”.
Atualmente, cerca de 3.000 habitantes moram em Patmos, divididos em três povoados. Entre todas as atividades locais, o turismo se destaca como a principal fonte de renda da ilha. Todos os anos, milhares de turistas visitam a região, motivados pelo desejo de conhecer o lugar onde foi preso o “Apóstolo amado”. De acordo com a tradição, João viveu em uma gruta ou caverna durante sua permanência na ilha. Por esse motivo, o local é hoje conhecido como “caverna do Apocalipse”.
Uma ilha, um exílio e uma missão divina
Segundo estudiosos, o nome “Patmos” provavelmente deriva de “Latmos”, uma montanha localizada na Ásia Menor, onde, conforme a lenda, escravizaram a deusa Ártemis. Atualmente, essa cadeia montanhosa é conhecida como Besparmak — nome que significa “cinco dedos”, devido ao perfil de uma das montanhas que apresenta esse formato peculiar. Ainda segundo a mitologia, Patmos teria sido afundada no mar, até que Ártemis (conhecida como Diana pelos romanos), com a ajuda de Apolo, convenceu Zeus a trazê-la de volta. Do ponto de vista histórico, a arqueologia confirma que os habitantes da ilha veneravam essa figura mitológica, e inclusive construíram um templo em sua homenagem.
Em 1088, a pedido do monge Christodoulos, o imperador Bizantino Alexios I cedeu a ilha para a construção de um monastério. Achados arqueológicos indicam que ele foi construído sobre o antigo templo de Ártemis. Em 1999, a UNESCO incluiu esse monastério no catálogo de Patrimônios da Humanidade. Hoje em dia, na ilha, uma grande biblioteca bizantina guarda as obras produzidas pelos monastérios e igrejas que lá existiram durante as gerações.
Ao analisar o contexto histórico do livro de Apocalipse, chegamos a conclusão que João o escreveu por volta do ano 95 d.C, durante o 14º ano do reinado do Imperador romano Domiciano. Provavelmente, João contou com a ajuda de um escriba para registrar a visão que recebeu do Senhor. Alguns escritos apócrifos citam Prócoro, um dos sete diáconos da igreja de Jerusalém, segundo Atos 6:5, como assistente do Apóstolo. Embora preso fisicamente em uma ilha com forte adoração pagã, João desfrutou das visões espirituais mais extraordinárias relatadas em toda a Bíblia.
Apocalipse 1:9
“Eu, João, irmão e companheiro de vocês na tribulação, no reino e na perseverança em Jesus, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus”.

Como as cartas eram lidas e compartilhadas
A comunicação no primeiro século não era tão simples como nos dias de hoje. Não existia imprensa, por exemplo, então todo documento era escrito à mão. Naquela época, não havia um exemplar da Bíblia para cada irmão da Igreja, mas o pastor reunia todos em um só lugar e fazia a leitura pública das escrituras. O versículo 3 deixa claro que apenas uma pessoa lia, mas muitos ouviam o que estava sendo dito. De forma semelhante, nos Evangelhos, vemos Jesus abrindo o rolo do livro do profeta Isaías e lendo para todos os que estavam presentes na sinagoga (Lc 4:16). Seja lendo ou ouvindo, o mais importante de fato era reter o conteúdo da carta e praticá-lo.
Apocalipse 1:3
Bem-aventurado aquele que lê, e bem-aventurados aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo.
Um livro escrito em meio a perseguição
Domiciano perseguiu duramente os cristãos durante o seu reinado. Ele foi um dos primeiros imperadores a exigirem adoração em vida, por meio de templos e estátuas. A perseguição ocorria por vários motivos, um deles era justamente a recusa em adorar a figura do imperador. Em uma sociedade pagã, politeísta, a criação de mais um deus ou templo não era problema, as pessoas recebiam isso de bom grado. Mas para os cristãos, a adoração é exclusiva ao Deus verdadeiro, e sabemos que Ele não divide a Sua glória com ninguém. Por isso, muitos viam os cristãos como rebeldes que não se submetiam às ordens do governo. Esse rigor mudava de intensidade a depender do imperador que estava no poder.
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