Vivemos em um mundo onde muitas práticas são justificadas pela expressão “sempre foi assim”. No entanto, a Palavra de Deus nos ensina que a tradição, por si só, não é garantia de verdade. Deus não se compromete com tradições humanas, mas sim com a sua Palavra. Embora existam tradições boas, também há aquelas que são ruins ou completamente irrelevantes.

Jesus confronta a tradição dos homens
Em Mateus 5:43-44, Jesus diz: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo’. Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem.” A primeira parte desse versículo, “odeie o seu inimigo”, não está na Lei de Deus, mas sim na tradição judaica. Ou seja, era um costume humano e não uma orientação divina.
Em Marcos 7, os fariseus criticam Jesus porque seus discípulos comiam sem lavar as mãos, uma tradição dos anciãos. Jesus responde com firmeza: “Vocês negligenciam os mandamentos de Deus e se apegam às tradições dos homens” (Marcos 7:8). E completa: “Vocês anulam a Palavra de Deus por causa da tradição que vocês mesmos transmitiram. E fazem muitas coisas como essa” (v.13).
Tradições religiosas e seus perigos
Ao longo das Escrituras, vemos como a tradição pode influenciar negativamente a vida do povo de Deus. Timóteo, por exemplo, foi circuncidado não porque Deus exigia isso dele, mas por causa da pressão dos judeus (Atos 16:3). Paulo, ao tentar se adequar às expectativas tradicionais dos judeus, acabou sendo preso (Atos 21:23-30). A tradição levou a uma acusação falsa que resultou em sua prisão.
Hoje também somos cercados por tradições que parecem espirituais, mas não têm respaldo bíblico. Algumas igrejas queimam o que sobra da Ceia, enterram elementos da Ceia, colocam “pedras fundamentais” em construções como se fossem amuletos, ou impõem o uso de gravata como sinal de reverência. Outras dizem que é proibido usar a Bíblia no celular porque a de papel é mais “espiritual”. Nenhuma dessas práticas é exigida por Deus.
A tradição que mata a fé
Em João 5:46-47, Jesus afirma: “Se vocês cressem em Moisés, creriam em mim, pois ele escreveu a meu respeito. Mas se não crêm nos escritos dele, como crerão nas minhas palavras?” Os religiosos da época diziam crer em Moisés, mas rejeitavam a verdade que ele apontava: o Messias.
O Evangelho não é religiosidade, é liberdade
Paulo ensina em Romanos 14 que o Reino de Deus não se resume a comida ou bebida, mas à justiça, paz e alegria no Espírito Santo (v.17). Ele exorta os crentes a não colocarem obstáculos no caminho do irmão por causa de opiniões pessoais (v.13). Em outras palavras, tradições que viram regras não devem ser motivo de condenação. Aquilo que não provém da fé é pecado (v.23).
A verdadeira fé é convicção. Hebreus 11:1 diz: “A fé é a certeza daquilo que esperamos e a convicção de coisas que não vemos.” A tradição que está alinhada com a Palavra pode edificar, mas a que contradiz a fé deve ser rejeitada.
E quanto às nossas tradições?
O ideal é temos práticas que são fruto da nossa convicção na Palavra. Crer e confessar, valorizar os dons do Espírito e os ministérios, são aspectos que fazem parte da nossa identidade de Igreja, por exemplo. Essas “tradições” não anulam a Palavra; ao contrário, a fortalecem.
Jesus fala sobre o tipo de solo onde a Palavra é semeada (Mateus 13:20-23). Alguns a recebem com alegria, mas não criam raizes nEla. Outros a deixam ser sufocada pelas preocupações ou riquezas. Apenas os que têm um coração preparado produzem fruto. Por isso, a tradição boa é aquela que prepara o terreno do coração para a Palavra crescer.
Como nos preparamos para receber a Palavra?
- Crendo no que a Palavra diz. Fé é uma escolha ativa.
- Servindo no corpo local. Quem serve cresce e amadurece.
- Lendo a Bíblia com regularidade. A Palavra renova a mente.
- Orando diariamente. A oração fortalece a relação com Deus.
A luta da fé
- Lute para crer. Fé é o bom combate. A dúvida tenta se infiltrar, mas você precisa permanecer na convicção da Palavra.
- Lute para falar. Confesse a verdade, mesmo quando o diabo tentar te calar. Refute os pensamentos contrários.
- Lute para agir. Não espere sentir. O sentir é consequência de uma vida de fé em ação.
Conclusão
Deus não se compromete com aquilo que é apenas tradicional. Ele honra a sua Palavra. Por isso, precisamos discernir entre o que é herança bíblica e o que é apenas costume humano. A tradição pode ser boa, mas nunca deve substituir a verdade revelada. No fim das contas, é a Palavra de Deus que transforma, liberta, guia e sustenta.
Escolha viver fundamentado na Palavra e não em tradições que a contradizem. Como Jesus disse: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32).
Por Diego Dantas
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