As Cartas às Igrejas se encerram ao final do capítulo 3. Já no capítulo 4, João inicia a descrição da glória do Trono de Deus em Apocalipse. O texto começa com uma frase emblemática logo no primeiro versículo:
Apocalipse 4.1
“Depois destas coisas…”

A expressão “depois destas coisas” também aparece no final do mesmo versículo. Muitos teólogos interpretam esse momento como uma transição para um tempo posterior à era da Igreja — um período em que a Igreja já não está mais na Terra, mas no Céu, após o arrebatamento. Podemos entender que João, em espírito, vivenciou uma espécie de arrebatamento antecipado; não de forma literal, mas por meio de uma visão. Ao final do versículo, ele ouve uma voz que diz: “Suba até aqui…”, o que reforça ainda mais essa ideia. Talvez o versículo que melhor represente o arrebatamento seja 1 Tessalonicenses 4.17.
1 Tessalonicenses 4.17
nós, os vivos…seremos arrebatados…entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor.”
João agora não está mais olhando para a Igreja na Terra, mas está subindo ao Terceiro Céu, e lá ele se depara com muitas coisas.
A Visão do Trono e os Seres Celestiais
João começa a desfrutar da glória do Trono de Deus em Apocalipse. Ao descrever o que vê, ele recorre várias vezes à expressão “tal coisa é semelhante a…” (Apocalipse 4.3), pois tenta transmitir com palavras humanas aquilo que ninguém jamais havia contemplado. Ele vê alguém sentado em um trono (Apocalipse 4:2), revestido de toda a Sua Majestade; observa 24 anciãos sentados em 24 tronos (Apocalipse 4:4) e também 4 Seres viventes, cobertos de olhos na frente e atrás (Apocalipse 4:6). Mas quem são eles?
Quem São os 24 Anciãos?
Muitos teólogos interpretam os 24 anciãos como uma representação da Igreja recém-arrebatada aos Céus. Por estarem sentados em tronos, eles demonstram que reinam com Cristo; as vestes brancas indicam a purificação dos pecados alcançada por meio de Jesus. As coroas que usam simbolizam os galardões que Cristo prometeu em várias partes das Escrituras, inclusive nas cartas às Igrejas da Ásia que estudamos no capítulo anterior.
Alguns acreditam que esses seres sejam anjos, mas a palavra grega traduzida como “anciãos” nunca se aplica a anjos, e sim a homens — especialmente homens de idade madura, aptos para liderar uma instituição como a Igreja. Eu imagino que, quando estivermos no Céu, diante de Deus, teremos uma aparência experiente, saudável e cheia de vigor.
No capítulo 5 de Apocalipse, o Apóstolo João vê o Senhor segurando um livro selado com 7 selos. Nesse momento, um anjo forte lamenta em alta voz: “Quem é digno de abrir o livro?”, o que faz João chorar de tristeza. Mas, no versículo 5, um dos anciãos o consola, dizendo: “Não chores, eis que o Leão da tribo de Judá venceu para abrir o livro…”. Isso me leva a crer que os anciãos compreendem a Redenção de Cristo em um nível muito mais profundo do que os próprios anjos.
Parece-me que o conhecimento da Redenção realizada por Cristo era muito maior nos anciãos do que nos próprios anjos.
E o que fazem esses anciãos? Eles se prostram, adoram e colocam suas coroas diante do trono, proclamando: “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder…” (Apocalipse 4:10,11). Muitos afirmam que o número 24 remete ao tabernáculo que Davi instituiu, onde havia 24 horas de adoração e louvor ininterruptos, com escalas para sacerdotes, músicos e trabalhadores (1 Crônicas 24).
Os Quatro Seres Viventes: Adoração e Poder
A figura dos 4 Seres Viventes aparece algumas vezes no Antigo Testamento. Por exemplo, nos capítulos 1 e 10 de Ezequiel, o texto os identifica como Querubins, e suas características revelam a Onipresença (rodas que se movem em todas as direções), a Onisciência (olhos que veem tudo) e a Onipotência (quatro rostos voltados para direções diferentes) de Deus.
Além disso, os Querubins são anjos muito poderosos que aparecem várias vezes nas escrituras. Logo após expulsar Adão e Eva do Jardim do Éden, Deus colocou Querubins para guardar a entrada do jardim. Da mesma forma, dois anjos querubins compunham a categoria de anjos sobre a Arca da Aliança. Inclusive, o próprio Satanás recebe a descrição de Querubim da guarda, segundo Isaías e Ezequiel.
Mas afinal, o que fazem esses seres? O versículo 8 afirma que eles não descansam, nem de dia nem de noite, e proclamam: “Santo, santo, santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir”, ou seja, eles adoram a Deus.
A Mensagem da Adoração
Alguns teólogos, como Agostinho e Jerônimo, aplicaram ao número 4 um significado de totalidade da criação. Quatro cantos da terra (Apocalipse 7.1), dando ideia de totalidade geográfica; quatro ventos da terra (Daniel 7.2), representando as forças naturais; quatro Evangelhos, representando a universalidade da revelação de Cristo, etc. Nesse contexto, os 4 seres viventes apontam para a plenitude da adoração a Deus, pois sabemos que, independente do lugar que estejamos, podemos vê-lo, contemplá-lo e adorá-lo.(Salmos 137.7-8).
Sempre que os seres viventes glorificavam o Senhor, os vinte e quatro anciãos se prostravam diante daquele que está sentado no trono e colocavam suas coroas diante dele, declarando: “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas e, por tua vontade, elas existem e foram criadas.” Sem dúvida, essa é uma das mais belas cenas de louvor e adoração nos céus: a criação exaltando seu Criador, aquele que é digno de receber toda adoração.
A boa notícia, porém, é que não precisamos esperar o arrebatamento para praticarmos isso. Fomos chamados para o louvor da glória de Deus, e podemos adorá-lo em espírito e em verdade agora mesmo, em qualquer situação ou lugar. E você? Já tirou um tempo para adorar o Senhor hoje?
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